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Opinião: O Brasil refém do humor do Mercado Financeiro

Foto do escritor: Álva RilsaÁlva Rilsa

Atualizado: 17 de dez. de 2024

Por: Álva Rilsa

– Jornalista e Analista Econômica


Nos últimos meses, o Brasil tem sido submetido a uma intensa instabilidade econômica que revela um aspecto perverso e, de certa forma, irresponsável do chamado mercado financeiro. Oscilações aparentemente naturais têm mostrado contornos de manipulação, onde interesses escusos exploram tudo – desde notícias falsas a especulações sobre a saúde do presidente Lula – para desvalorizar deliberadamente o real, inflar o dólar e, consequentemente, penalizar os mais pobres.


Mercado Financeiro manipulador

A volatilidade que presenciamos, especialmente no câmbio, não é um simples reflexo de condições econômicas reais. É uma combinação tóxica de interesses de grandes especuladores, lobbies agressivos e narrativas plantadas, que muitas vezes têm como combustível perfis anônimos e extremistas no X (antigo Twitter). Esses ataques se intensificaram recentemente, mirando Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central e possível sucessor de Roberto Campos Neto.


Perfis de extrema-direita, amplamente disseminados nas redes, atribuem a Galípolo falas falsas ou deliberadamente descontextualizadas da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A estratégia é clara: semear o pânico entre investidores e fomentar um cenário em que o dólar sobe, o real se desvaloriza, a inflação explode e os juros disparam. Quem ganha com isso? Uma minoria já privilegiada que se beneficia do caos enquanto a população trabalhadora é penalizada com o aumento dos preços e com o arrocho no crédito.


Além da especulação desenfreada, o uso do estado de saúde do presidente Lula para provocar instabilidade no mercado é mais um exemplo do cinismo que impera. Os números não mentem: nas últimas semanas, cada boato sobre o presidente gerou volatilidade imediata no câmbio, com o dólar subindo e as bolsas caindo. Essa reação desproporcional e orquestrada revela que o mercado financeiro tem mais interesse em lucrar com a instabilidade do que em contribuir para a construção de um país estável e próspero.


É importante destacar que o real desvalorizado e a alta nos juros têm impactos diretos na vida dos mais pobres. Os alimentos ficam mais caros, a gasolina sobe, e o crédito, já inacessível para muitos, se torna um luxo inalcançável. Enquanto isso, grandes fundos de investimento sorriem com os dividendos dos juros estratosféricos da Selic.


Esse ciclo é uma chantagem disfarçada de “humor do mercado”. Não há nada de natural nisso. A economia brasileira não pode continuar refém de especuladores e de campanhas coordenadas nas redes sociais que distorcem informações ou propagam fake news. A regulamentação do setor financeiro e uma fiscalização mais firme contra desinformação são passos urgentes para proteger não apenas a estabilidade econômica, mas a dignidade da população.


O Brasil precisa, mais do que nunca, de um mercado financeiro comprometido com o desenvolvimento do país, não com seu colapso em nome do lucro.

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