A insatisfação de Célia Galindo explode em entrevista e expõe bastidores de acordos de última hora que podem azedar a relação entre o novo prefeito e sua base na Câmara. O que está por trás dessa disputa que já ameaça a governabilidade de Zeca em 2025?
A política arcoverdense vive um momento de intensas articulações nos bastidores, especialmente em torno da eleição para a presidência da Câmara de Vereadores. O prefeito eleito, Zeca Cavalcanti, que assumirá o Executivo municipal pela terceira vez em janeiro de 2025, tem se movimentado para consolidar sua base de apoio no Legislativo. Essas movimentações, no entanto, têm gerado descontentamentos e podem influenciar significativamente as relações políticas futuras na cidade.
Antes mesmo de sua posse, Zeca Cavalcanti já demonstrava habilidade política ao ampliar sua base na Câmara. Inicialmente, contava com o apoio de seis vereadores: Wellington Siqueira, Dr. Rodrigo Roa, Luciano Pacheco, Heriberto do Sacolão, Célia Galindo e Paulinho Galindo. Em movimentos rápidos, conseguiu a adesão de mais três parlamentares que anteriormente compunham a oposição: Luíza Margarida, Claudelino Costa e João Marcos, elevando seu apoio para nove dos dez vereadores da Casa Legislativa.
Essas adesões de última hora, contudo, alteraram o cenário para a eleição da presidência da Câmara. A vereadora Célia Galindo, que já presidiu a Casa James Pacheco por três mandatos e foi recentemente diplomada para seu décimo mandato consecutivo, era considerada favorita para reassumir a presidência. Sua expectativa baseava-se em sua longa trajetória política e no apoio que acreditava ter entre os colegas.
Entretanto, as recentes articulações políticas parecem ter mudado o jogo. Em entrevista ao LW Cast, durante a cerimônia de diplomação, Célia não escondeu sua insatisfação. Ela mencionou que havia conversado previamente com Zeca Cavalcanti e que esperava não haver interferência na eleição da Mesa Diretora. Contudo, com as novas adesões à base governista, surgiu a possibilidade de indicação de outro nome para a presidência, o que a deixou desapontada.
"Eu esperava [o apoio]. Como eu sou uma pessoa que há 36 anos está na vida pública, sempre vi o colega vereador, independente de lado, sempre estive do lado deles e acho que no momento que estou passando, pela minha capacidade, pela minha vida, minha trajetória, meu último mandato, eu desejava muito", desabafou Célia.
A insatisfação de Célia Galindo pode ter repercussões significativas para o futuro governo de Zeca Cavalcanti. Embora ele tenha, no momento, uma maioria confortável na Câmara, o descontentamento de uma figura política experiente e influente como Célia pode gerar fissuras na base governista. Além disso, sua trajetória de dez mandatos consecutivos e sua reputação de defensora dos menos favorecidos conferem-lhe um capital político considerável, capaz de influenciar decisões e articulações dentro do Legislativo.
A relação entre o Executivo e o Legislativo é fundamental para a governabilidade. Um início de mandato marcado por desentendimentos pode comprometer a aprovação de projetos e iniciativas do prefeito eleito. Além disso, a percepção pública de desarmonia entre as lideranças políticas pode afetar a imagem da administração perante a população.
Zeca Cavalcanti também herdará a administração do atual prefeito, Wellington da LW, cuja gestão foi alvo de críticas por parte de Célia Galindo. Em discursos anteriores, a vereadora chegou a sugerir a realização de uma auditoria para desmoralizar a administração de Wellington, acusando-o de má gestão e contratos mal feitos. Essa postura crítica de Célia em relação ao atual prefeito pode indicar que ela manterá uma postura vigilante e exigente em relação à próxima administração, especialmente se sentir que não teve seu valor reconhecido nas atuais articulações políticas.
Diante desse cenário, Zeca Cavalcanti enfrenta o desafio de equilibrar as forças políticas na Câmara. A indicação para a presidência da Casa será um teste de sua habilidade de conciliar interesses e manter a coesão de sua base. Entre os nomes cotados para o cargo, além de Célia Galindo, destacam-se Luciano Pacheco, que já presidiu a Câmara, e os vereadores Wellington Siqueira e Rodrigo Roa. A escolha de um desses nomes poderá indicar a direção que o prefeito eleito pretende seguir em sua relação com o Legislativo.
As recentes movimentações políticas em Arcoverde revelam um cenário complexo e desafiador para o prefeito eleito Zeca Cavalcanti. A necessidade de consolidar sua base na Câmara, sem desconsiderar aliados históricos como Célia Galindo, será crucial para garantir a governabilidade e o sucesso de sua terceira gestão à frente do município. A forma como ele conduzirá essas articulações poderá definir não apenas o início de seu mandato, mas também a estabilidade política de Arcoverde nos próximos anos.
Comments